Milhares vão às ruas para dizer não à reforma da Previdência em Porto Alegre

Sob a palavra de ordem “Não Passará”, milhares de pessoas participaram no final da tarde de sexta-feira (22), do ato convocado pelas centrais sindicais contra a reforma da Previdência na Esquina Democrática, no Centro de Porto Alegre. Um ato marcado pela defesa da união de todas as categorias de trabalhadores mobilizadas contra a reforma e pela construção de uma greve geral para pressionar o Congresso Nacional a não aprovar o projeto do governo Jair Bolsonaro.

Presidente do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers), Helenir Aguiar Schürer defendeu, em sua fala, que é preciso ampliar a base de mobilização contra a reforma e ir além dos movimentos sociais. “Passou o tempo que a gente só vinha, participava do ato e voltava pra casa. A partir de agora, temos que conversar com nossa família, com nossos amigos e vizinhos. A luta é por nós, pelos nossos filhos”, disse.

Representante da Intersindical, Neiva Lazzarotto criticou a fala feita na quinta-feira (21) pelo ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), de que “o Chile lá atrás teve que dar banho de sangue para mudar princípios macroeconômicos”. “Onyx, que morda a sua língua”, disse Neiva, destacando ainda que a maioria dos aposentados chilenos recebe hoje um valor abaixo de um salário mínimo.

A deputada federal Fernanda Melchionna fez uma das diversas falas em defesa da construção de uma greve geral. “A unidade precisa ser potencializada para que a gente construa uma grande greve geral para derrotar o primeiro grande projeto do governo Bolsonaro”, afirmou.

Outra fala que se repetiu foi a de que, ao contrário da propaganda oficial do governo federal, a reforma não irá combater privilégios. “Quando eles dizem que vão poupar R$ 1 trilhão em 10 anos, não dizem que esse dinheiro sai do trabalhador, do agricultor”, disse o ex-ministro Miguel Rossetto (PT). Na mesma linha, o ex-deputado estadual Juliano Roso argumentou que não existe reforma em curso e que o seu partido, o PCdoB, poderia sim ser favorável a uma reforma que de privilégios de políticos, militares e da elite do judiciário. “O que está em curso é o fim da Previdência”, disse.

Citando o avô Leonel Brizola para dizer que a reforma é de interesse dos bancos, a deputada estadual Juliana Brizola (PDT) também defendeu a necessidade de mostrar à população de que é preciso mostrar à população os efeitos prejudiciais que as mudanças na Previdência trarão aos trabalhadores. Ela foi saudada ao destacar que o PDT fechou questão no Congresso Nacional contra a proposta do governo.

O ato contou ainda com diversas intervenções do músico Fabiano Leitão, conhecido como TromPetista, que tocou o tema da luta antifascista Bella Ciao, a internacional socialista, o samba-enredo da Mangueira de 2019, que homenageou Marielle Franco, e o canto “Olê, Olê, Olê, Lula, Lula”, um dos momentos mais aplaudidos do ato.

Ao final das falas, que se estenderam por cerca de 1h30, os manifestantes partiram em caminhada da Esquina Democrática pela Av. Borges de Medeiros até o Largo Zumbi dos Palmares, onde o ato foi encerrado.

Fonte: Luís Eduardo Gomes / SUL21